Exercer a cidadania se tornou restrito ao
ato de votar, somente nas eleições ouço a dita palavra. Mas cidadania vai muito além, sabemos disso,
mas não possuímos de fato.
São
direitos e deveres, no entanto nossos direitos estão muito longe de serem
nossos. Encontram-se nas palavras dos políticos e não nos fatos concretizados.
Estão nos hospitais a serem construídos ou na educação que ainda não se tornou
realidade.
Durante
a campanha eleitoral os candidatos abraçam e beijam pessoas e a população se
sente sensibilizada com tamanho carinho, pobres somos em acreditar em tais
atitudes. Os debates nos servem de divertimento, distração, não são para
discutir o programa de governo e sim para os candidatos se digladiarem, quem tem
mais podre? Quem é mais ou menos corrupto? E seguem risadas sarcásticas e
ofensas. E eu... me divirto, não nego.
Me
divirto porque pra mim tudo não passa de uma grande piada, nosso país, os
candidatos. A preocupação não é o povo e sim eles próprios e seus partidos,
surgem cantores, compositores, jogadores, atores todos em prol de seus
pretendentes ao grande cargo do país, querem mudanças, ou ligam-se por
interesses, aliás, o mundo é movido por interesse. E quem disser que não
suspeito que esteja mentindo.
Interesse
nos negócios da família. Interesse em arrecadar dinheiro para campanha. Ou interesse
em um país melhor, em qualidade de vida. Por que tudo, absolutamente tudo
perpassa pelo interesse. Mas infelizmente, a maior parte da vontade está
direcionada em proporcionar ganhos para os próprios políticos e seus partidos,
e a população que o elege fica de fora, e cada vez mais alheia a tudo que se
passa. Lembram-se apenas dos abraços tão “afetuosos” ou pior dos R$ 20, 00 que
foram pagos pelo voto. Míseros vinte reais. Mas que fez muita diferença para
alguém que não tem quase nada.
O
coronelismo se faz presente e muito em nossa sociedade, especialmente em nosso
estado, convenhamos. E ter consciência do fato infelizmente não faz grande
diferença, porque as opções são poucas. Como dizer para uma amiga que a casa
prometida depois do mês de outubro será a compra do seu voto, mesmo ela já
estando cadastrada em determinado programa e sendo direito dela. Ela jamais
entenderá, pois sua necessidade é tamanha que qualquer palavra e promessa se tornam
uma grande esperança.
A
população mais carente sofre e quer soluções, mas não tem culpa de não saber
como funciona a sociedade. Eu, que estudei tal funcionamento me pego tão
desprevenida, imagina uma pobre mulher sem expectativa alguma de moradia
própria ou alimento irá compreender. Pobre, pobre de nós, que deixamos nos
iludir por vinte reais ou quanto quer que seja. A satisfação apenas será
temporária, o almoço estará garantido, no entanto o que será da população no
decorrer dos anos?.
Hoje
“exercerei minha cidadania”, sem muitas opções e expectativa. Lamentarei por
tantos votos comprados e por tantos assuntos desviados nos debates, porque
infelizmente o povo não é o centro, mas sim os “podres poderes” de cada
candidato.
Milena Macena do Espírito Santo
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