Bolsa família, cotas sociais, são apenas
alguns exemplos de paliativos que o governo se utiliza para tapar um buraco que
se estende por muitos e muitos anos.
Há
décadas atrás, as escolas públicas eram sinônimo de excelência, por elas passaram e formaram-se professores brilhantes, jornalistas competentes, assistentes sociais
comprometidas, médicos, advogados, engenheiros. Atualmente esse quadro mudou
drasticamente, escolas públicas estão em estado de calamidade, só passam por
elas realmente quem não obtém dinheiro suficiente para matricular seus filhos
em escolas particulares. Dessa forma, criaram-se diversos programas afim de
equiparar: o sucateamento das escolas, a situação miserável de uma grande
parcela da população, e a entrada nas universidades desses alunos, em situação
extremamente diferenciadas dos seus futuros colegas universitários que tiveram
a chance de estudar e fazer cursinho em grandes escolas privadas, referência em
educação.
Em
relação aos futuros profissionais que irão formar, acredito que os alunos
advindos das cotas sociais nada sofrerão em relação ao seu desenvolvimento
universitário enquanto aprendiz. Visto que todo o arsenal para futura profissão
será apreendido no decorrer do curso, e muitas vezes, certas profissões nem se
quer se utiliza de grande parte do que estudamos na escola. Não resta dúvida que
todos têm igual capacidade de aprender e se desenvolver (exceto em casos
especiais).
No
tocante, o fato mais preocupante é a permanência desses estudantes na
universidade, de modo que algumas graduações necessitam de aparelhagem e
materiais de grande custo, que dificilmente os alunos provenientes das cotas
sociais poderão arcar. Dessa forma, acabam por abandonar seu curso. Logo, se
faz extremamente necessário investimento urgente nas escolas públicas e
soluções para permanência desses alunos.
O
mesmo ocorre com as cotas para deficientes. Entram na universidade e elas não estão
aptas para recebê-los. Cadeirantes, cegos, encontram enorme dificuldade de
locomoção devido à arquitetura e engenharia das instituições. Assim também, os
deficientes auditivos, falta monitores especializados em LIBRAS, etc, etc e
etc.
Mas,
o que mais incomoda, é que muitas vezes determinados programas não questionam
seu público-alvo. Afinal, são eles que irão vivenciar e sofrer as consequências.
Não sou eu, nem você, que estudamos em escolas particulares e não possuímos
deficiência física que devem apresentar contribuições a respeito da
problemática. E sim, os próprios estudantes e pessoas com deficiência que devem
ser questionados, eles que irão vivenciar, para eles que devem perguntar e
convidar para a elaboração de tais programas.
No
que se refere à bolsa família, que a meu ver é mais uma forma de reeleição que
de preocupação com a população brasileira marginalizada. Embora considere de
uma politicagem absurda, sei que para quem vive na miséria absoluta é de enorme
importância para sobrevivência, já que as desigualdades sociais são absurdas. Não
falta só emprego e educação, falta tudo.
Sempre
questiono até quando iremos tapar buracos para que finalmente invistam de
verdade no problema. O Brasil sem dúvida alguma seria uma grande potência se
não houvesse corrupção, mas isso não é novidade para ninguém. Ficaremos até
quando a esperar soluções que nunca chegam?
Milena Macena do Espírito Santo
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Excelente texto, Milena!
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