quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Concursos, legislações e a vida como ela é!

               Lembro da primeira vez que fiz um concurso público, ainda estava na metade do curso de Serviço Social, queria saber como era, e olha...não gostei muito não.
            Esbarrei em várias questões. Uma delas em especial descrevia uma determinada legislação, as alternativas que me deixaram confusa foram: a) Atendimento Universal; b) Atendimento Não universal.
            Parei, pensei na prática. Quanta ingenuidade. Na prática tal atendimento não é universal de jeito nenhum, emperramos em pré-requisitos, burocracia, seletividade, desigualdade. Definitivamente não! O atendimento não é universal.
            Mas que droga! O gabarito diz ser universal e a lei também! Perdi a questão e a ingenuidade.
            Estava agora a pouco passando a vista na legislação do SUS
            Lei nº 8.8080 de 19/09/1990
Art. 3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país.
            Que pertinente! Tudo interligado como deve ser , já que todos os fatores influenciam direta ou indiretamente na saúde do indivíduo. Vocês prestaram atenção pessoal “os níveis de saúde da população expressam a organização social e econômica do país”. E como estamos? Péssimos.
            Estamos péssimos em educação, péssimos em moradia, em saneamento básico, péssimos em transporte e claro, péssimos em SAÚDE.
            O SUS é realmente muito interessante no papel. Mas a grande parte da população brasileira não tem moradia decente, muito menos uma educação de qualidade. Então você espera horas na fila de um hospital para ser atendido, ver seu vizinho passar mal e até morrer na fila de espera. Seu coração acelera e você se desespera.
            O médico então te chama, ele está exausto, realizando o trabalho em péssimas condições, acaba descontando em você. Depois do atendimento retorna para sua casa, mas e agora?!
            Sua medicação acabou, você não tem dinheiro para comprar, solicita ao governo, recebe o aviso: - Está em falta. Sua casa é simples, sua rua não tem saneamento básico e não tem como você melhorar, haja paliativos!
            Os trabalhos de prevenção nem puderam ser realizados devido às condições em que você vive. Não te permite desfrutar da saúde e tudo que a legislação diz que é seu por direito.
            Chegou a hora de ir atrás do que te pertence. Nada feito, a burocracia emperra e seu país é corrupto.
            São várias as políticas extremamente seletivas, que muitas vezes você não é alcançado porque não basta está na miséria, deve está na miséria absoluta.
            Como você ainda consegue sorrir? Acho que talvez não entenda como o sistema funciona, compreendo, você não tem alternativa, a televisão diz que o Brasil está crescendo e mesmo diante de tudo que vivencia ainda tem esperança. E tem que ter, e tem que lutar também, caso contrário o caos prosperará, e não queremos isso né verdade?
            Assim é a vida para uma grande parte da população. Então eu te pergunto “E agora José?”
Milena Macena do Espírito Santo
Regionalismo brasileiro e caos urbano
google images - bruno dias

3 comentários:

  1. E agora que depende muito de sua situação. Onde e como e com quem você pode intervir para que algo melhore? É perigoso pensar, e mais perigoso ainda fazer. Por isso poucos pensam e fazem. Que mais pessoas pensem e façam!
    Parabéns por suas palavras, Milena.
    Abraço,

    J. Douglas Alves

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    1. Douglas muito obrigada mesmo!
      fiquei surpresa e feliz com a repercussão no face! contente por fazer as pessoas pensarem um pouquinho na situação, mas preocupada em não parecer fatalista, pelo contrário, quero deixar um pedacinho de esperança, pois só através das lutas sociais conseguiremos ir adiante!
      obrigada!
      um abraço!

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