Lembro
da primeira vez que fiz um concurso público, ainda estava na metade do curso de
Serviço Social, queria saber como era, e olha...não gostei muito não.
Esbarrei em várias questões. Uma delas
em especial descrevia uma determinada legislação, as alternativas que me
deixaram confusa foram: a) Atendimento Universal; b) Atendimento Não universal.
Parei, pensei na prática. Quanta
ingenuidade. Na prática tal atendimento não é universal de jeito nenhum,
emperramos em pré-requisitos, burocracia, seletividade, desigualdade. Definitivamente
não! O atendimento não é universal.
Mas que droga! O gabarito diz ser
universal e a lei também! Perdi a questão e a ingenuidade.
Estava agora a pouco passando a
vista na legislação do SUS
Lei nº 8.8080 de 19/09/1990
Art.
3º - A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes entre outros, a
alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a
renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços
essenciais: os níveis de saúde da população expressam a organização social e
econômica do país.
Que pertinente! Tudo interligado como
deve ser , já que todos os fatores influenciam direta ou indiretamente na
saúde do indivíduo. Vocês prestaram atenção pessoal “os níveis de saúde da
população expressam a organização social e econômica do país”. E como estamos? Péssimos.
Estamos péssimos em educação,
péssimos em moradia, em saneamento básico, péssimos em transporte e claro,
péssimos em SAÚDE.
O SUS é realmente muito interessante
no papel. Mas a grande parte da população brasileira não tem moradia decente,
muito menos uma educação de qualidade. Então você espera horas na fila de um
hospital para ser atendido, ver seu vizinho passar mal e até morrer na fila de
espera. Seu coração acelera e você se desespera.
O médico então te chama, ele está
exausto, realizando o trabalho em péssimas condições, acaba descontando em
você. Depois do atendimento retorna para sua casa, mas e agora?!
Sua medicação acabou, você não tem
dinheiro para comprar, solicita ao governo, recebe o aviso: - Está em falta. Sua
casa é simples, sua rua não tem saneamento básico e não tem como você melhorar,
haja paliativos!
Os trabalhos de prevenção nem
puderam ser realizados devido às condições em que você vive. Não te permite
desfrutar da saúde e tudo que a legislação diz que é seu por direito.
Chegou a hora de ir atrás do que te pertence. Nada feito, a burocracia emperra e seu país é corrupto.
São várias as políticas extremamente
seletivas, que muitas vezes você não é alcançado porque não basta está na
miséria, deve está na miséria absoluta.
Como você ainda consegue sorrir? Acho
que talvez não entenda como o sistema funciona, compreendo, você não tem
alternativa, a televisão diz que o Brasil está crescendo e mesmo diante de tudo
que vivencia ainda tem esperança. E tem que ter, e tem que lutar também, caso
contrário o caos prosperará, e não queremos isso né verdade?
Assim é a vida para uma
grande parte da população. Então eu te pergunto “E agora José?”
Milena
Macena do Espírito Santo
google images - bruno dias
E agora que depende muito de sua situação. Onde e como e com quem você pode intervir para que algo melhore? É perigoso pensar, e mais perigoso ainda fazer. Por isso poucos pensam e fazem. Que mais pessoas pensem e façam!
ResponderExcluirParabéns por suas palavras, Milena.
Abraço,
J. Douglas Alves
Douglas muito obrigada mesmo!
Excluirfiquei surpresa e feliz com a repercussão no face! contente por fazer as pessoas pensarem um pouquinho na situação, mas preocupada em não parecer fatalista, pelo contrário, quero deixar um pedacinho de esperança, pois só através das lutas sociais conseguiremos ir adiante!
obrigada!
um abraço!
*parecer fatalista
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