quarta-feira, 16 de outubro de 2013

A Fantástica História do Pequeno Farley!

   Quando era criança, Farley e sua família chegaram a vizinhança e se tornaram meus vizinhos de frente. Logo tratei de fazer amizade com a sua irmã Catarina e seu irmão Caique.
   Eu e Catarina ficamos muito amigas, ela sempre falava com alegria de seu irmão Farley. Até que fui passar a tarde em sua casa, assim que entrei uma criança mais que linda me chamou pelo nome "Milhena", estava deitado no chão com cara de sapeca, levantando os braços para que o levantasse.
   Logo reparei que ele não andava, pois possuía algum problema na coluna. Então, peguei no braço comovida, pois não fazia ideia das condições físicas dele. Confesso que fiquei sem reação. Na minha cabeça de criança, alguém sem poder andar era uma pessoa triste. Mas não foi o que encontrei quando conheci Farley. Ele era tão risonho e iluminado que me conquistou no primeiro sorriso.
   Esse pensamento saiu da minha mente quando o conheci. Ele era tão esperto, alegre e carismático que não tinha como não se encantar. Cantarolava e batia palmas junto com a gente, era risada que não se acabava mais.
   Ele era realmente muito especial.
   Certa vez estava eu e minha amiga Fernanda sentadas na porta. Enquanto Farley estava na casa de andar junto a sua mãe e sua tia. Ele gritava: Milhenaaa! e soltava aquela gargalhada típica dele. A mãe parecia preocupada, pois sempre entrava na brincadeira junto com a gente e dessa vez estava mais séria. Mas nós continuamos brincando, ele lá em cima e eu e Fernanda embaixo, as gargalhadas.
   No outro dia acordei bem cedo como de costume, pois estudava pela manhã, embora fosse um sábado. Havia combinado de ir ao comércio com minha tia, mas ainda estava muito cedo mesmo, então fui até a varanda da minha casa, percebi uma movimentação estranha na porta de Catarina. A rua estava quase deserta, mas o pai dele conversava aflito com a vizinha, que por sua vez colocou a mão na boca como se estivesse balbuciando "Meu Deus".
   Meu coração apertou, corri para dentro de casa e comentei que estava acontecendo algo diferente e muito ruim. Foi quando a vizinha me viu e disse em voz alta:
                               - Milena, seu amiguinho Farley morreu!
  Não conseguia acreditar, no dia anterior estávamos brincando, estava tão bem, logo não tinha razão nenhuma para isso acontecer, para mim...ficha nenhuma havia caído, isso era absurdo.
   Minha mãe me explicou que ele tinha "água na cabeça" o que se complicou durante o procedimento para a retirada da "aguinha".
   Não fui ao enterro, meus pais não quiseram que eu fosse e ficasse impressionada. Continuei com o plano de sair com minha tia, mas nada era natural.
   Que coisa era essa? meu amiguinho Farley havia virado uma estrela?
   Não havia razão na minha cabeça para aquilo ter ocorrido. Estávamos todos entusiasmados com o seu aniversário que estava chegando e que, segundo ele eu seria a primeira convidada.
   Ele sempre cantarolava para mim "Era uma vez", e eu adorava ouvir.
   Como isso tudo não iria mais acontecer?
   Passaram-se dias e ninguém da família dele havia retornado para casa, afinal,tudo lembrava Farley, era difícil conviver com as recordações.
  Até que eu e minha amiga Fernanda decidimos escrever cartas e jogá-las do lugar mais alto que pudéssemos, da casa de andar. Queríamos saber o porque ele havia nos deixado, pois estávamos com muitas saudades.
   Escrevemos várias, mas ele nunca respondeu.
   Uma vez um garoto chegou lá em casa e entregou a minha mãe uma carta que ele tinha achado na rua com minha assinatura. Concluí que as cartas jamais chegariam até ele.
  Em sua breve passagem, Farley tocou muito a minha vida através da sua alegria. Me ensinou que nem sempre uma pessoa com problemas físicos é triste, não, de modo algum, e ele foi o maior exemplo disso.
   Jamais esquecerei do meu pequeno amiguinho Farley.

5 comentários:

  1. Oi Milena, é com um nó na garganta e segurando pra não chorar que li seu texto, Farley sempre foi muito especial e nunca per dia o sorriso. Um anjinho lindo. Obrigada pelo texto. Beijão em todos.

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    1. Nossa Catarina, só vi sua mensagem agora!
      A internet é mesmo incrível, fiquei tão feliz quando me add no face! te reencontrar depois de tanto tempo!
      Ju deve ter te mostrado o texto né!
      cheguei a pensar que vc não lembrava de mim.
      Sinto muita saudade de todos vocês!
      e guardo muitas lembranças da nossa infância!
      Obrigada vc!
      um abraço!

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  2. Oi Milena, é com um nó na garganta e segurando pra não chorar que li seu texto, Farley sempre foi muito especial e nunca per dia o sorriso. Um anjinho lindo. Obrigada pelo texto. Beijão em todos.

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