Bolinho Bolota

   Foi assim que me apresentaram, Bolinho. Não, ela nunca foi gorda e muito menos parecida com um bolo de aniversário. Desde que ela nasceu somos amigas, morávamos uma em frente a outra. Nós duas temos as melhores amigas que alguém poderia querer.

  Nossa infância foi a melhor! eu tive a sorte de ter ela ao meu lado. Mas confesso, ela era a mais ciumenta das amigas, ela não entendia que cada pessoa é diferente da outra e por isso, todas são/eram igualmente especiais para mim, sem predileção.

  Bolinho sempre foi muito comportada e obediente, mas não sei porque foi a quem mais levou pancada quando criança. Já foi até atropelada por um carro, foi terrível, tive que disfarçar ao máximo meu choque quando olhei a perna dela.

  Era uma criança sem juízo, imaginem só, uma vez ela brincou de jogar um pedaço de pau uma na outra como se fosse bola, com uma amiga nossa. O resultado não poderia ter sido outro...bateu no olho dela, ficou vermelho - sangue e lá vai ela para o hospital, tadinha.

  Outra vez, meu primo colocou o pé quando ela estava passando, propositalmente. Mas não! ela não tropeçou como todas as pessoas tropeçam kkk. Ela caiu rolando no chão, prendeu a perna no espaço entre a calçada e a rua, foi uma queda extremamente engraçada, menos pra ela, claro.

  Ela sempre tropeçava, mas sempre soube se levantar e seguir adiante, em tudo na vida.

  Aliás, ela tem uma fé inabalável, que causa inveja em qualquer pessoa, talvez esse seja o seu grande segredo, ela é muito positiva e especial.

   Nossa turminha dançava pra caramba! ou pelo menos acreditava nisso. Vivíamos nos reunindo no quintal da minha casa, virava um picadeiro, a gente brincava e dançava o dia inteiro.

  Então ela foi passar uma temporada em Brasília, na casa do pai, já que morava com os avós aqui em Aracaju. Ela sempre foi muito querida, tem vários pais e várias mães, todo mundo quer cuidar um pouquinho  dela. Nessa época trocávamos cartinhas, ela me contava as coisas que fazia  lá em Brasília, falava do clima e como estava sendo convivência com todos por lá.

   Então ela retornou a Aracaju, mas quem foi embora fui eu. Me mudei. Para minha surpresa ela e nossa turma fizeram uma carta com vários metros, fiquei extremamente comovida. A carta guardo até hoje, tem desenhos, frases típicas minhas, e "Nós te Amamos".

  Elas são maravilhosas, eu já disse né?

   Bolinho também me ensinou a pensar, uma vez o avô dela, estava distribuindo picolé pra todo mundo, pois ele havia bebido um pouquinho mais que de costume. Ficamos todas eufóricas, ela ..por sua vez, não estava nada feliz. perguntei inocentemente: - O que houve? seu vô tá pagando picolé pra todo mundo, num é o máximo?. Ela respondeu:  - Por que não é o seu. Tinha entendido, e naquele exato momento experimentei um pouco dos sentimentos dela.
   Ela tem muita CONSIDERAÇÃO, isso é o que mais admiro nela. Nunca esquece ninguém e sempre é muito atenciosa.

   Hoje ela está muito tristinha. Mas quero lembrá-la que ela sempre sorria muito e que jájá voltará a sorrir, pois todas as coisas são passageiras.  

      Então deixo meu recadinho aqui...só para lembrá-la o quanto ela é especial e amada por todos a sua volta, e toda essa tristeza, muito justificável, vai passar, e quero que se apegue a sua fé, que sempre foi inabalável. Por que tudo tem motivo pra ser como é. Mas eu não entendo também.

    Um abraço do tamanho do mundo, é isso que você precisa e que eu não posso te dar.